segunda-feira, 11 de março de 2013

QUADRAS DOS LENÇOS DOS NAMORADOS


A carta que eu te escrevo
sai-me da palma da mão
a tinta sai dos meus olhos
e a pena do coração.
A firmeza e lealdade
tu encontraste em mim
eu no céu amo Deus
e na terra só a ti
Nem a rosa da roseira
Nem outra qualquer flor
Nem a primavera inteira
Valem mais que o teu amor
Só tu és o meu encanto
a minha doce alegria
ao teu lado satisfeita
passo a noite e o dia
A carta que me escreveste
ainda não ia acabada
faltava-lhe pôr no meio
uma rosa encarnada.
Vai lenço da minha mão
vai correr a freguesia
vai dar a informação
da minha sabedoria
O cravo depois de seco
significa amor perdido
ainda que queira, não posso,
tirar de ti o sentido
E tão certo eu amar-te
como o lenço branco ser
deixarei de te amar
quando o lenço a cor perder
Escreve-me, amor, escreve.
lá do meio do caminho;
se não achares papel,
nas asas de um passarinho.
Neste lenço deposito
as lágrimas que por ti choro
ja que não posso lograr
os braços do bem que adoro
Amor tu és a estrela
que há-de guiar o meu ser
pois sem ti meu querido
é-me impossível viver
Lencinho que foste feito
de noite ao luar
vai dizer ao meu amor
que eu sempre o hei-de amar
No centro deste lencinho
O teu nome está gravado
Dentro do meu coração
O teu rosto retratado.
Vai lenço feliz voando
nas asas de um passarinho
se encontrares o meu amor
dá-lhe por mim um beijinho
Coração, relógio tonto!
Tuas horas sempre são
Desejos das que hão de vir,
Saudades das que lá vão!...
Se este lenço falasse
Muito teria que contar
Das lágrimas que tem limpado
De por ti tanto chorar

Vai, carta feliz voando,
Nas asas de um rouxinol
Vai ver a cara mais linda
Que neste mundo cobre o sol.

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